Marca d´água

Marca d´água O mês de maio de 2024 vai ficar marcado para sempre na história do estado do Rio Grande do Sul. Oitenta e três anos após a enchente de 1941 em Porto Alegre, o estado inteiro sofreu com o maior volume de chuvas e uma enchente sem proporções, devastando cidades inteiras, fábricas, indústrias, levando […]

A Hora da Estrela – Leandro Selister em 24 quadros

Desenhos digitais com cenas de filmes que marcaram o artista prestam uma homenagem à sétima Arte.
Para adquirir os desenhos, clique no link LOJA do menu.
















































 “Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu” cairia estatelada e em cheio no chão. É que quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.”(Clarice Lispector)

 

Quando pedi para o Leandro fazer uma  homenagem ao cinema para a exposição do Cine Grand Café, não imaginava nada além de saber que o artista construiria algo sensível com suas técnicas  refinadas. Desenhos, sim.  Imagens, sim. A história afetiva de sua trajetória de artista escolhendo uma poltrona para ser espectador de filmes que marcariam sua sensibilidade para sempre, SIM!!!

O artista visual e designer, fotógrafo de premiações nacionais e internacionais na Mobgrafia -ou  fotografia através de imagens captadas com um celular – deslizou seu lugar de escuta  e visão para as poltronas das salas de cinema da vida de sua memória, para nos oferecer um pouco dessa trajetória de cinéfilo, da janela que se abre e diz: venha filme, eu estou  aqui!

O resultado é uma exposição de desenhos digitais que nos remetem às próprias lembranças, onde cada imagem vai resgatar as nossas singulares experiências em saborear a arte do cinema. Uma coleção de figuras que compõem o nosso maravilhoso  e único  álbum de lembranças.

Cada um dos 24 quadros  – processo pelo  qual o cinema de película foi sendo reinventado – nos leva a uma poltrona  de sala de cinema diferente, mesmo  sendo a mesma sala, já seria em outro período de nossa vida, onde já  éramos outros, e sairíamos outros ainda graças ao filme que alteraria para sempre nossa sensibilidade. 

Grato  Leandro Selister, por essa beleza reinventada. Não falaremos de nenhum filme que está retratado aqui. Reconheça você. Se reconheça.

É assim que o CINE GRAN CAFÉ faz uma homenagem a arte que os Lumiére iniciaram e que está sempre em cartaz, aqui. Sempre renovada, sem ser nunca esquecida. 

Vamos deixar as imagens falarem por si, como fazemos nas poltronas das salas desse cinema, deixando com que elas nos tragam sensações e lembranças que permanecerão conosco por nossas vidas.

Bom espetáculo! 

Ben Berardi  –  Curador
Maio de 2022

Aonde fica a saída?

Exposição de bordados inspirados nos desenhos originais de John Terriel do livro Alice – Edição comentada, de Lewis Carroll.

Texto de Cláu Paranhos*

2020 foi o ano que nos arremessou, a todos, num outro mundo. Como no livro As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, temos um “mundo de cabeça para baixo”.

Antes dele, andávamos tal qual o Coelho Branco: sérios, nervosos e sempre atrasados, estávamos imersos em nossas rotinas apertadas e corridas. Tal qual Alice, em 2020 escorregamos para dentro da toca do Coelho sem sabermos ao certo onde iríamos parar. …E ainda não sabemos.

Tal qual Alice, temos à nossa frente múltiplas interpretações possíveis: é preciso encarar o absurdo, cogitar o mágico, subverter a lógica diante de uma vida que agora nos desafia a razão e escapa à compreensão.

Leandro Selister voa, encontra a saída, e nos puxa pela mão, convidando à invenção de uma outra realidade. Através da singeleza dos seus bordados, evoca o fantástico mundo de Alice, onde tudo é possível e a loucura é sinal de sanidade, para que não nos esqueçamos jamais daquilo que disse o Chapeleiro à menina: “Você é louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são!”

* Cláu Paranhos é artista, arte (des)educadora, agente cultural e pesquisadora na área de Artes Visuais. Doutoranda em Educação, Mestre, Licenciada e Bacharel em Artes Visuais (UFPel/UFRGS). Desde 2003, participa de exposições e ações artísticas individuais e coletivas. Desenvolve Oficinas de Artes Visuais desde 2005.

Brincar é coisa séria

Exposição realizada no Ponto de Cultura do IAB
Porto Alegre | RS no período de 08|08 a 09|09|2019

Cláu Paranhos e Leandro Selister

“Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe fará muita falta.” Neruda

Descobrimos muita afinidade no nosso trabalho ao longo de toda a nossa trajetória, como o bom-humor, o afeto, a brincadeira. Já havíamos trabalhado juntos em outros momentos e nos divertido muito com isso. Também temos em comum que ambos colecionamos brinquedos e, em um determinado momento, criamos os nossos próprios: as Bonecas Feias e a coleção Um Amor de Robô. Esse é o ponto de onde partiu a ideia de fazermos uma exposição juntos.

O brincar é uma necessidade dos dois, na vida e na arte. Buscamos compreender essa necessidade e descobrimos o quanto o brincar é poderoso e libertador na vida adulta, sendo inclusive comprovado cientificamente: Stuart Brown, psiquiatra e fundador do National Institute for Play, afirma: “Nada ilumina mais o cérebro do que brincar“. A brincadeira muitas vezes é confundida com a falta de seriedade quando, na verdade, o não-brincar não torna as pessoas mais sérias, e sim, mais tristes.

Foi justamente a tensão e o stress dos tempos atuais que nos fez compreender que a brincadeira também pode ser vista como um antídoto para tempos tão difíceis e ambíguos. Para nós, a arte é uma forma de acessar esse universo e, então, trazemos essa provocação ao público: afinal, por que deixamos de brincar quando crescemos?

trinta e seis

Exposição realizada na Calafia Art Store
Porto Alegre no período de 26/03 a 13/04/2019

O ativismo afetivo de Leandro Selister

Cáu Paranhos *

Um convite a olhar para a poesia da vida é a característica mais forte e adorável do trabalho deste artista, para quem o ato de VER, somente, não basta. É preciso ver com olhos de poeta. Fazer amor com os olhos, o que fica claro nos adesivos AME (2015/2016), que ele espalha como uma ordem de amor.

Conheci o trabalho de Leandro Selister através de sombras de figuras humanas, em tamanho natural, adesivadas estrategicamente em espaços públicos na cidade de Porto Alegre (2001). Imagens que provocavam a percepção de nossa existência anônima no meio urbano e chamavam nosso olhar para locais por onde passávamos desatentos. Ao longo dos anos seguintes, suas numerosas produções vão desde intervenções fotográficas que simulam flores transbordando pelas janelas do prédio histórico do StudioClio (2008/2009), até uma imensa fotografia do nosso “Rio” Guaíba adesivada no chão de um andar inteiro da Casa de Cultura Mario Quintana (2018), causando a sensação de andarmos sobre as águas.

Apaixonado por poetizar o cotidiano, transforma Porto Alegre em desenhos na forma de postais (2016) e objetos (2017), série colecionáveis, e nos obriga, assim, a levá-la para nossas casas, para tê-la nas mãos, nas estantes, nas paredes, nos induz a amá-la.

Com a sensibilidade de quem sabe que a poesia não está isenta de dor, apresenta a instalação fotográfica Tristicidade (Museu de Arte Contemporânea de Porto Alegre, 2018). Revelando o lado melancólico de Porto Alegre, ele arranca lágrimas dos mesmos olhos aos quais instiga poesia.

Neste ativismo afetivo, como uma metáfora da vida, o artista nos mostra que, apesar de tudo, a nossa Porto Alegre, adotada por ele há 36 anos, resiste, RE-existe, e ele mesmo se reinventa. Desacelera o seu fazer, reconstrói (re-costura) o próprio tempo. Descobre o bordado e, como quem faz carinho com a ponta dos dedos em cada pedacinho da cidade, fura ponto a ponto, a agulha no pano, vez que outra no dedo, sangra a paisagem, borda Porto Alegre. Devolve-nos ao aconchego, à ancestralidade, à delicadeza. Ao descansar o bordado no colo enquanto trabalha, aninha e abriga a nossa pequena grande metrópole e nos reafirma: Porto Alegre é nosso Lar, Doce Lar.

* Cláu Paranhos é artista, arte (des)educadora, agente cultural e pesquisadora na área de Artes Visuais. Doutoranda em Educação, Mestre, Licenciada e Bacharel em Artes Visuais (UFPel/UFRGS). Desde 2003, participa de exposições e ações artísticas individuais e coletivas. Desenvolve Oficinas de Artes Visuais desde 2005. Representante das Artes Visuais no Conselho Municipal de Cultura na cidade de Pelotas, RS. Presidente da Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos e Vice-presidente da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa em porto Alegre,RS.

o rio na casa

O projeto foi desenvolvido durante os dias 06,07 e 08 de abril de 2018
na Casa de Cultura Mario Quintana na Virada Sustentável em Porto Alegre

Intervenção de Cláu Paranhos e Leandro Selister

um novo ponto de vista
uma nova percepção
uma nova cidade
uma nova relação

¨o rio na casa¨ é um projeto de intervenção urbana que pretende discutir a relação e a percepção que possuímos de Porto Alegre a partir de uma visão que praticamente não temos da cidade: a visão a partir do Guaíba.

O título é uma provocação e um primeiro questionamento, afinal, o Guaíba é considerado um Lago mas carinhosamente continuamos chamado de ¨Rio Guaíba¨.

O projeto consiste em viagens que serão realizadas pelos artistas visuais Leandro Selister e Cláu Paranhos no Barco Cisne Branco e no Catamarã (que liga Porto Alegre à cidade de Guaíba) para a captura de imagens a partir da percepção de cada um dos artistas.

A intervenção cobriu totalmente o piso do 5º andar da Casa de Cultura Mario Quintana na ala referente a entrada do Jardim Lutzenberger desde a saída do elevador. A área de aproximadamente 120m² irá receber uma imagem do (rio) Lago Guaíba impressa em adesivo de alta resolução e coberta com película protetora para que o público posso caminhar sobre a imagem.

As fotografias que serão trabalhados pelos artistas serão impressas em adesivos e aplicadas em placas que estarão dispostas em diversas posições com a imagem na altura dos olhos do espectador.

24Hour Project / Tristicidade

Participei pela primeira vez do 24HourProject através da conta
@tristicidade – projeto que realizo no instagram desde janeiro/2018

“Eu queria que todas essas imagens fossem uma grande mentira…”

O projeto que já está na 7ª edição e acontece em mais de 150 países, propõe aos fotógrafos o desafio de realizar uma foto por hora durante 24h e postar essa imagem nas redes sociais. Tudo aconteceu no último sábado, dia 07/04/2018.

Além do desgaste físico pelo tempo acordado, o grande desgaste foi emocional ao percorrer as ruas de Porto Alegre e constatar que estamos em uma situação de calamidade pública, injustiça e abandono completo. São centenas de pessoas que vivem na rua, trabalham como ambulantes com suas famílias vendendo todo tipo de mercadoria na tentativa de conseguir algum valor para sobreviver. São carroceiros que buscam nos lixões comida e material para a reciclagem.

O Viaduto da Borges, cartão postal da cidade, é o exemplo mais dramático dessa situação. As drogas tomaram conta do espaço e são comercializadas à luz do dia. Cobertores, colchões e tapumes imundos servem de moradia para jovens, mulheres e homens de todas as idades. O local é um lixo a céu aberto sem qualquer condição de higiene e à noite palco de brigas, discussões e prostituição.

Continuo com o projeto através da conta @tristicidade no instagram como uma forma de denúncia e também como um apelo por essas pessoas que perderam a dignidade. Precisamos fazer alguma coisa.

tristicidade

O projeto está no instagram @tristicidade

Cartografias do abandono e da (in)visibilidade

Qualidade ou estado de desilusão em relação aos acontecimentos do cotidiano; abandono, mal-estar.

Como lidar com o aumento da miséria, do desemprego, das pessoas que vivem pelas ruas, das centenas de lojas que fecham as portas, com o desemprego ? Nos últimos anos toda essa situação vem se agravando não apenas em Porto Alegre, mas no Brasil e no mundo.O projeto “tristicidade” é uma tentativa de mostrar o que estamos tentando não enxergar ou fazer de conta que não enxergamos. Não é a exploração de uma situação crítica e triste. Antes disso, é um chamado, um alerta para que possamos pensar juntos em alternativas.

Coisas do Cotidiano

Iniciei o projeto Coisas do Cotidiano em setembro de 2011
através da minha conta no Facebook e Instagram

O projeto já conta com quase 1000 registros e a partir de 2013 todas as imagens passaram a ser capturadas e tratadas exclusivamente com o uso de celular. O trabalho segue por tempo indeterminado.

Busco registrar o que passa despercebido pela correria do dia a dia, novos ângulos para cenas comuns sobre os mais variados temas, sempre acompanhadas de um título. Esse é o diferencial e o ponto e partida para a leitura e diálogo com o espectador que acompanha o projeto. Os títulos podem ser poéticos, irônicos ou provocativos e é a partir dessa junção, imagem+palavra, que apresento a minha visão de mundo.

Descobrimos muita afinidade no nosso trabalho ao longo de toda a nossa trajetória, como o bom-humor, o afeto, a brincadeira. Já havíamos trabalhado juntos em outros momentos e nos divertido muito com isso. Também temos em comum que ambos colecionamos brinquedos e, em um determinado momento, criamos os nossos próprios: as Bonecas Feias e a coleção Um Amor de Robô. Esse é o ponto de onde partiu a ideia de fazermos uma exposição juntos.

O brincar é uma necessidade dos dois, na vida e na arte. Buscamos compreender essa necessidade e descobrimos o quanto o brincar é poderoso e libertador na vida adulta, sendo inclusive comprovado cientificamente: Stuart Brown, psiquiatra e fundador do National Institute for Play, afirma: “Nada ilumina mais o cérebro do que brincar“. A brincadeira muitas vezes é confundida com a falta de seriedade quando, na verdade, o não-brincar não torna as pessoas mais sérias, e sim, mais tristes.

Foi justamente a tensão e o stress dos tempos atuais que nos fez compreender que a brincadeira também pode ser vista como um antídoto para tempos tão difíceis e ambíguos. Para nós, a arte é uma forma de acessar esse universo e, então, trazemos essa provocação ao público: afinal, por que deixamos de brincar quando crescemos?

CCXP + NoMirror 2017

São Paulo, 07 a 10/12/2017

Uma iniciativa da NomirrorMag, Mobgraphia e Goodbros.

Cobertura da Comic Cons Experience 2017 em São Paulo a partir de uma convocatória online da Revista NoMirrorMag. Durante 4 dias, um grupo de fotógrafos frequentou a feira e fez a cobertura exclusivamente com smartphones. O resultado será publicado através de ensaios individuais em edição especial da Revista. O time de fotógrafos foi : Alexandra Teixeira de Rosso Presser / Claudia Martini / Evelyn Caroline Souza dos Reis / Isabete Senise Simões de Abreu / Leandro Selister / Paula Ferrari / Allyson Correia / José Luiz Nunes Neto / Rafael Klann Nunes / Ricardo Rojas / Nina Rojas e Rodrigo Credidio.

O site do evento www.ccxp.com.br

o melhor amigo do homem

mObgrafias
Café do MARGS, 16/10 a 26/11/2017, Porto Alegre – RS

A mostra teve a curadoria de Fábio André Rheinheimer.

A exposição “o melhor amigo do homem” é composta por 13 imagens capturadas e editadas exclusivamente com smartphones, no caso, um Iphone7plus e o aplicativo Snapseed. Para a exposição as imagens foram ampliadas em Papel Mate.

O título da exposição é uma brincadeira e uma homenagem que faço para os felinos e todos aqueles que são apaixonados por animais. O modelo das fotos é Franz Strüdel, gato da minha vizinha. Procuro revelar flagrantes inusitados e também as diversas possibilidades de criação e plasticidade através de aplicativos utilizados diretamente no celular.

Desde 2013 utilizo o celular na captura de imagens quando realizei o projeto de Intervenção Urbana “Em Instantes” na Trensurb. Foram 6 meses de projeto e 24 imagens compartilhadas gratuitamente através de QRCodes com os usuários do trem e através das redes sociais.

Coleção Porto Alegre

Exposição Galeria Mario Quintana – Trensurb – Porto Alegre – RS
Lançada em outubro de 2016

Projeto Leve a minha Cidade – Coleção Porto Alegre e Expressões daqui

O Cais do Porto, Usina do Gasômetro, Casa de Cultura Mario Quintana e a Praça da Alfândega são alguns dos desenhos da primeira coleção do projeto. O objetivo é chamar atenção para o que temos de melhor na cidade: nossos prédios, centros culturais, parques, ou seja, a nossa própria história. Três palavras dão o mote principal do projeto: PERCEBA | PROTEJA | PRESERVE, que ainda conta com um jingle e vídeo exclusivos.

A coleção Expressões daqui resgata através de linguagem colorida e inspirada na cultura POP e dos quadrinhos, expressões típicas utilizadas pelos gaúchos como “Bah” , “Arrecém” e “Bem capaz” com seus respectivos significados, formando uma espécie de dicionário visual.

Os projetos receberam respectivamente o Prêmio Principal e a Menção Honrosa no 6º Prêmio Nacional Bornancini de Design na Categoria Design Gráfico em dezembro de 2016 pela APDesign/RS.

A Coleção Porto Alegre foi selecionada para a 12ª Bienal Brasileira do Design Gráfico que ocorre em Agosto/2017 em Brasília.

Coleção Pelotas

Exposição Mercado Central Pelotense, Pelotas – RS
Aconteceu em janeiro/2017

Pelotas é a segunda cidade a ser desenhada no projeto Leve a Minha Cidade

A exposição aconteceu com o lançamento da linha de postais e pôsteres resgatando um pouco a história e beleza da arquitetura Pelotense. Nove prédios foram desenhados e também uma versão dos famosos ladrilhos hidráulicos que fazem parte da história pelotense. A exposição também contou com poesias de Ben Berardi que acompanham cada um dos painéis da exposição.

Assim como na coleção Porto Alegre, os desenhos de Pelotas ganham a versão em vídeo e jingle compostos especialmente para o projeto. O vídeo está disponível no YouTube.

#MOBTRIPSÃOSILVESTRE

92ª Corrida Internacional de São Silvestre
São Paulo – 2016

Cobertura com smartphones da 92ª Corrida Internacional de São Silvestre – São Paulo

A atividade foi uma parceria com a mObgrafia Cultura Visual de São Paulo. As imagens dão conta do universo que compõem uma das corridas de rua mais importantes do Mundo e a mais querida do Brasil. São 30 mil participantes de todas as idades e lugares do mundo que comemoram o final do ano de forma positiva e cheia de energia.

A corrida possui um trajeto de 16km e percorre as principais ruas e bairros de São Paulo. Os participantes dão um show de criatividade e bom humor ao se fantasiarem dos mais diversos personagens e enfrentar o trajeto inteiro.

Consciência

Instalação na Galeria Cultural da Biblioteca da Unisinos
São Leopoldo – RS, 2014/2004

A instalação, de fevereiro 2004, foi novamente executada, de 01/04 a 30/05/2014, a convite do Sintrajufe/RS nas atividades em descomemoração dos 50 anos do golpe civil-militar no Brasil

Quando recebi o convite para participar do Projeto Humanitas Arte, a Marcia Tiburi me comentou o seguinte: “ Leandro, como em abril completam-se 40 anos do Regime Militar no Brasil, podes, se quiseres, usá-lo como assunto para teu trabalho.”

O processo de criação em arte é sempre difícil, e, às vezes, trabalhar a partir de um “tema”, torna esse processo mais tranqüilo. Ao me debruçar sobre esse assunto, o que parecia tarefa fácil, tornou-se um verdadeiro labirinto, onde a entrada é clara, mas os caminhos apresentam-se tão amplos e obscuros, que tive a sensação de não conseguiria chegar ao final.

Para realizar o trabalho foi necessário recorrer aos livros, revistas, jornais e também (talvez uma das poucas vantagens do mundo globalizado) a internet. O que aconteceu a partir de minhas pesquisas e leituras, foi inversamente proporcional a quantidade de dados e informações disponíveis sobre o assunto – eu me deparava comigo mesmo, e com a incômoda sensação de que sabia muito pouco. Admitir isso foi o pior momento de todo o processo de trabalho. Como criar, se temos a sensação de que as informações de que dispomos são insuficientes para tal tarefa?

As idéias iniciais se diluíam a cada nova leitura e contato com uma época que representou sofrimento, dor, censura e medo. Partindo do princípio de que o trabalho realizado seria exposto em uma Universidade, achei que esse era o ponto principal do trabalho e então me detive nos acontecimentos do ano de 1968. Esse ano foi especial no mundo inteiro, com grandes movimentos populares, e estudantis pela mudança não só das instituições, mas também dos costumes políticos. Começavam a se reorganizar no Brasil novas oposições ao Regime Militar. Vários movimentos aconteceram, como a famosa passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro em defesa da democratização, após a morte do estudante Edson Luiz.

Em dezembro de 1968, o Presidente Costa e Silva, juntamente com o Ministro da Justiça Luiz Antônio da Gama e Silva, decreta o Ato Institucional número 5 (AI-5), fechando o Congresso, cassando mandatos e censurando a imprensa. O AI-5 vigorou até 1978, e durante esse período o país mergulharia totalmente na faceta mais terrível da ditadura.

Os diversos livros que relatam os acontecimentos desse período por vezes parecem ser apenas uma terrível história de desrespeito ao ser humano. Tive a oportunidade de conhecer e conversar durante a elaboração deste trabalho com uma estudante que foi presa e torturada durante o Regime Militar. A partir dos seus relatos, as histórias que tinha lido passaram a ter outro significado. Era o soco na boca do estômago que faltava, para admitir que ao ignorarmos a história, ignoramos a nós mesmos, e, conseqüentemente, não temos a dimensão real do que somos.

Se olharmos a definição da palavra Ignorar no Aurélio, encontraremos: “ não ter conhecimento de; não saber.”

O trabalho que apresento no Projeto Humanitas Arte, tem por objetivo abrir feridas para que a dor se imponha à consciência e nos informe a respeito de um capítulo escuro da história de nosso País. Na medida em que temos a consciência dos acontecimentos, estamos aptos a sonhar novamente e transformar o mundo em que vivemos.

Tarefa difícil ?
Bastante.
Mas possível.

Em Instantes

Conectar | Colecionar | Compartilhar

Doze anos após realizar a Intervenção Cotidiano, retorno às estações da Trensurb com o projeto Em Instantes – Conectar, Colecionar, Compartilhar.
A intervenção aconteceu no período de abril a setembro de 2013. Durante esse tempo utilizei QR Codes (códigos de barras em duas dimensões que podem conter qualquer tipo de informação), impressos em adesivos, que foram afixados nas 19 estações que compõem o trajeto dos trens urbanos que ligam Porto Alegre até Novo Hamburgo.

O usuário do trem foi convidado a escanear o código com o seu celular – através de softwares de leitura de QR Codes, disponíveis gratuitamente na Internet para download – e, a partir daí visualizar uma das 24 imagens, flagrantes fotográficos que realizei nas seis cidades que fazem parte do percurso diário de milhares de usuários.

Ao conectar-se com o projeto através dos QR Codes, os usuários puderam compartilhar essas imagens nas redes sociais, enviar por e-mail ou imprimi-las em formato 20x20cm.

O projeto iniciou dia 9 de abril com a disponibilização da primeira imagem do projeto, além de uma explicação de sua dinâmica. A cada semana, o código foi substituído em todas as estações, apontando para uma nova imagem disponível para download e compartilhamento. A última imagem foi disponibilizada em setembro/2013.

A proposta além do compartilhamento, ofereceu a possibilidade do grande público ter um acervo de fotografias das cidades que compõem o seu trajeto diário do trem, através do meu olhar, e, da minha visão sobre esses lugares. Durante as 24 semanas, procurei através das imagens, oferecer um pouco do meu olhar, da maneira como enxergo o mundo, da maneira como vejo essas cidades. Quem sabe, através das imagens, estimular o olhar do outro, a sua consciência da cidade, um espírito de conservação, de memória, de resgate.

Ilusão

Exposição realizada na Agência do Santander
Centro de Porto Alegre, em
2013

A proposta ¨Ilusão¨ trata-se de sobreposições de uma imagem da fachada do prédio da Agência Centenária do Santander no centro de Porto Alegre

O Circuito de Arte Santander buscou renovar a paisagem urbana dos principais bairros de Porto Alegre por meio de intervenções de arte contemporânea, assinadas por artistas gaúchos, nas fachadas das agências do Santander. Com o objetivo de aproximar a arte produzida no Rio Grande do Sul das pessoas e contribuir com a beleza da cidade por meio destas intervenções, o projeto acompanha o momento em que a capital gaúcha respira arte com a 9ª Bienal do Mercosul.

A primeira imagem do projeto, uma vista frontal do prédio, foi aplicada com adesivos perfurados, nos 28 vidros que compõem a fachada da Agência Centenária no centro de Porto Alegre. Essa mesma imagem, através de distorções calculadas na nova imagem, serão reproduzidas novamente mais duas vezes, só que dessa vez, nos vidros da fachada que estão na imagem, criando esse jogo, essa Ilusão com a entrada da Agência.

Coisas do Cotidiano – Pátio Ivo Rizzo

Pátio Ivo Rizzo 
Porto Alegre, 2012

O projeto Coisas do Cotidiano iniciou em setembro de 2011 através da minha página no Facebook (www.facebook.com/leandroselister)

A ideia era compartilhar com as pessoas flagrantes do Cotidiano. Cenas de ironia, humor e poesia, acompanhadas de títulos que conduziam a apreciação das imagens.

Muitas imagens foram compartilhadas e comentadas dando uma nova dimensão ao trabalho. Dessa forma, Coisas do Cotidiano se configura como um projeto de olhares e percepções coletivas, e com a proposta apresentada no Pátio Ivo Rizzo, inauguroou um novo espaço para a Arte em Porto Alegre – o Arte no Pátio.

As imagens que antes habitavam o mundo virtual, ganharam o mundo real, um lugar de encontros, de passagem, um lugar do nosso Cotidiano.

Durante os meses de outubro, novembro e dezembro 60 flagrantes inéditos foram incluídos nesse espaço com o objetivo de chamar a atenção para o nosso dia a dia, e, para situações corriqueiras carregadas de poesia e beleza. O projeto segue através da minha página no Facebook.

Por trás do muro

Porto Alegre/RS
Novembro de 2011 a janeiro de 2012

A primeira edição do circuito de arte urbana Artemosfera tem o patrocínio de Chevrolet, Zaffari, Braskem e Tim, apoio de Tintas Renner e Prefeitura de Porto Alegre, com realização do Grupo RBS

Qual seria a vista que teríamos caso o muro não existisse? Esse foi o ponto de partida para a criação do projeto “Por trás do Muro”. Três painéis fotográficos, totalizando 135 mts de extensão, com panorâmicas fotográficas da paisagem que está escondida do público. As imagens foram impressas em adesivo e aplicadas sobre estruturas de MDF junto ao Muro.

O circuito de arte urbana Artemosfera, foi realizado no período de novembro de 2011 a janeiro de 2012, com 53 intervenções situadas em 25 bairros de Porto Alegre. O projeto pioneiro invadiu a capital gaúcha com obras e intervenções urbanas de artistas de diferentes gerações. A iniciativa que teve como propostas conscientizar a população sobre a preservação do patrimônio público e trazer uma nova perspectiva sobre a forma como a comunidade interpreta e interage com a arte alcançou seu objetivo. As intervenções contaram com aproximadamente 50 criadores, entre artistas plásticos, pintores, designers, estilistas, grafiteiros, fotógrafos, arquitetos e publicitários. Além disso, o projeto contou com meio de locomoção próprio: o Bonde Artemosfera, um ônibus estilizado que circulou nos finais de semana levando o público à visitação das diferentes criações.

Há tempo atento ao tempo

Espaço Cultural da ESPM
Porto Alegre/RS, 2011

O projeto aconteceu em 2011 com uma exposição individual e o lançamento do livro no Espaço Cultural da ESPM, em Porto Alegre. A exposição apresentou a minha produção em fotografia entre 2003-2011

Segundo a curadora, Ana Zavadil, “ as séries assinalam o tempo capturado em quadros que nos possibilitam ter um novo olhar sobre o nosso cotidiano, e, ao artista, um observador obstinado das ações e emoções do dia-a-dia, dão a chance de guardar as imagens em experiências únicas, indizíveis e questionadoras sobre o sentido da existência da vida.

Os trabalhos são um convite à reflexão e a sua poética nos arremessa para dentro desse tempo tramado, trançado e finito, em que as marcas de sua presença e a sua significação estão para além do olhar”.

Felicidade

Porto Alegre/RS, 2010

“A finitude não se opõe à vida, ao contrário, complementa-a, dá-lhe sentido, coloca-lhe moldura. “ (1)

Morrer
Vamos morrer. Todos. Algum dia. Sem hora ou data marcada. Sem que possamos fazer nada para evitar que isso aconteça. Uma constatação óbvia, e por isso mesmo difícil de encarar. Morreremos. A aceitação desse fato, de que a vida é finita, deveria ser a razão maior para que vivêssemos intensamente, pois dessa forma, e, quando o fim chegasse, diríamos “valeu a pena cada dia, cada momento, cada dor, cada amor”, num fazer incessante de sermos cada vez mais aquilo em que acreditamos, livres de conceitos, regras, normas, “ismos”.
Amar
Não existe nada melhor do que amar. Não poderíamos viver sem o amor e só conseguiremos amar se nos amarmos também. Outra constatação óbvia, mas que custamos a entender e a praticar. O amor a si-próprio e ao outro. Não o amor que cobra, o amor que aprisiona, que quer apoderar-se, mas o amor que aceita, que compartilha, que não pede nada em troca. Tarefa difícil, mas necessária.
Amar os fatos da vida, sejam bons ou ruins e entender que tudo passa, e por isso mesmo, amá-la intensamente, como ela se apresenta. Mas amar agindo. Eis a diferença. Amar sabendo dos imprevistos e fazer de tudo para que mesmo com eles, tenhamos a consciência de que o amor é o instrumento mais poderoso e que nos motiva a fazer qualquer coisa.
Ser Feliz
Há dez anos escrevi um texto sobre a Felicidade. De forma resumida, eu escrevi que a Felicidade não existia. O que existe de fato são momentos felizes e não o seremos nunca se esperarmos por eles. Hoje percebo a clareza disso e também a extrema urgência de não esperar. É muito mais difícil agir, ir atrás daquilo que queremos, perceber que tudo é impermanente e que mudamos e morremos a cada minuto. Não somos mais os mesmos que éramos e essa é a grande novidade, o grande prazer.
Ser feliz é estar atento à vida e também perceber que precisamos escolher a cada instante e sermos responsáveis por nossas escolhas.
Foi por esse motivo que pensei a exposição Felicidade. Simplesmente por aceitar que eu também vou morrer, mas que desejo, ou seja, estou agindo intensamente para amar e ser feliz.
Posso morrer agora, escrevendo essas linhas. Mas também poderá ser daqui há 40, 50 anos, tendo em minhas mãos esse mesmo texto. Se assim for, estarei feliz por ter aproveitado essa verdade e com a certeza de que fiz o que estava ao meu alcance em todos os momentos da vida, porque a tratei com muito amor.
A arte me faz falar da vida e não vejo qual seria outro o seu sentido se não esse. Se realizo isso através da arte, vivo. Dessa forma sou feliz porque amo o que faço, sem esperar nada. Apenas sigo realizando e tendo a certeza de que quando morrer terei vivido intensamente.

* Algumas leituras que acompanharam
esse projeto e que gostaria de compartilhar:

“Água Viva”, Clarice Lispector

“A vida como ela é, para cada um de nós: em busca
do eu-caleidoscópio, Denise Aerts, Christiane Ganzo

A Felicidade, desesperadamente, André Comte-Sponville

A vida humana, André Comte-Sponville

Para que serve tudo isso? A Filosofia e o sentido da vida,
de Platão a Monty Python, Julian Baggini

Nas minhas palavras, Dalai Lama, uma introdução à filosofia
do mestre budista Editado por Rajiv Mehrotra – Tradução Joel Macedo

O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, Sogyal Rinpoche

Alquimia Emocional, a mente pode curar o coração, Tara Bennet-Goleman

(1) Aerts, Denise. Curação: a arte do bem cuidar-se.
Denise Aerts, Christiane Ganzo – Porto Alegre: [s.n], 2009.

Verbos para vestir

Memorial do Rio Grande do Sul
Porto Alegre/RS, 2010

Projeto desenvolvido para o lançamento oficial do Outubro Rosa em Porto Alegre no Memorial do Rio Grande do Sul. Promovido pelo IMAMA – Instituto da Mama do RS

O movimento Outubro Rosa tem como objetivo alertar a sociedade sobre a importância da detecção precoce da doença e dos investimentos em saúde pública para o controle da doença.

O processo criativo se dá a partir de uma experiência pessoal e da relação que se estabelece entre o que pensamos/vivemos e o que gostaríamos de traduzir em Arte. Pensar sobre o câncer de mama foi uma tarefa difícil. Criar a partir de um tema tão delicado, relacionado à saúde – um dos aspectos essenciais para o nosso bem-estar, exige sensibilidade e também o enfrentamento com a urgência de Viver.

O desafio maior foi justamente não trabalhar com a eminência da morte. Ao contrário, refletir sobre a necessidade da Vida, porque é real a possibilidade de cura se a doença for diagnosticada precocemente.

Os 15 bustos apresentados representam as mulheres que tiveram o diagnóstico da doença e que, a partir desse momento, enfrentaram sentimentos de angústia, rejeição, dor, medo e insegurança, mas nem por isso deixaram de lutar contra o câncer, reinventando-se para superar os vários obstáculos do caminho. Verbos para Vestir; a Vida de todas as Vitoriosas em movimento.

Para realizar a instalação Verbos para Vestir, procurei de alguma forma entrar nesse universo e imaginar o que faria nessa situação. Pensei imediatamente no verbo Abraçar, uma atitude de envolvimento com a causa, com a prevenção da doença, com o autocuidado e, além disto, com a atenção em relação ao outro. Abraçar foi o verbo que levou a uma sequencia de outros, todos refletindo ações perante a realidade imaginada.

Verbos para Vestir se configura como um momento de reflexão e de estímulo para cada mulher nessa batalha pela prevenção e tratamento do câncer de mama, uma doença que ameaça a vida e que pode ser evitada.

ABRAÇAR – A si mesmo e ao outro
LUTAR – Com todas as forças
VIVER – Todos os dias intensamente
SUPERAR – Os momentos difíceis
DIVIDIR – Todas as emoções
AMAR – A vida
SONHAR – De olhos abertos
QUERER – O entendimento
SER – O que se é
EDUCAR – O tempo todo
CUIDAR – De si mesma
SORRIR – Abertamente
RESPEITAR – Os próprios limites
MOSTRAR – A energia vital
ASSUMIR – O controle da situação

Tempo Lento

Galeria de Arte da Fundação Cultural de Criciúma/SC, 2008

Curadoria Ana Zavadil – Bacharel em História, Teoria e Crítica de Arte pela UFRGS

A ocupação das cinco salas de exposições da Fundação Cultural de Criciúma, pelo artista Leandro Selister apresenta uma retrospectiva de trabalhos marcantes de sua trajetória e, também, um novo trabalho na sala principal. Graduado em fotografia, o seu trabalho plástico resulta de suas indagações com relação à passagem do tempo, registrado em percepções sutis da natureza a sua volta.

O autorretrato, obra onde a imagem do seu rosto aparece repetidamente voltada em diferentes direções, indica a sua admirável capacidade de organizar uma narrativa poética contrapondo-se em relação ao tempo. A obra é absorvida em câmera lenta, desvelando o passar do tempo lento de uma imagem à outra; expressando o oposto do ritmo na vida urbana, onde o tempo cotidiano apresenta-se fragmentado, multifacetado digno de uma multiplicidade de sentidos, passando como um sopro em nossas vidas.

As outras obras que fazem parte desta mostra denotam a linguagem refinada das séries fotográficas, por meio das quais Selister nos faz perceber a passagem incondicional do tempo, estruturando as seqüências que indicam situações vivenciadas e registradas através de sua máquina, em verdadeiros rituais, envolvendo um trabalho de extrema paciência e dedicação. O desafio se renova em cada série, a cada dia, nas diferentes horas e segundos que marcam a diferença entre a captura de uma e outra imagem; seja quando o artista fotografa uma flor no seu ciclo de vida e morte; num pássaro chocando seus ovos e alimentando seus filhotes por meses; no alvorecer e no anoitecer registrado de um mesmo lugar (preferencialmente da janela de sua casa) com os mesmos intervalos de tempo, ou na exuberância dos ciclos das estações do ano.

O tempo que transcorre rápido demais, fora destes acontecimentos, é reinventado por Selister no momento em que congela as imagens, uma a uma, no sentido de transcendê-lo.

As suas séries que assinalam o tempo capturado em quadros nos possibilitam um novo olhar sobre o nosso cotidiano, e ao artista, um observador obstinado das ações e emoções do dia-a-dia, de guardar as imagens em experiências únicas, indizíveis e questionadoras sobre o sentido da existência e da vida.

Leandro Selister é um poeta do tempo e o modifica sem perder-se nele. Inscreve as imagens ou enquanto espera para fazê-lo, no pulsar dos pequenos acontecimentos dentro de um tempo finito, imensurável, se comove. O artista, que nos ensina a olhar através do jogo de imagens a dimensão e a complexidade do tempo, re-significa o sentido das coisas simples que têm o poder de nos transformar em seres mais sensíveis e capazes de entender o fluxo ininterrupto deste tempo e a nossa fragilidade diante da vida. “As coisas nos olham.” (2003, p.125). A frase de Paul Valéry nos chama para outra realidade, para que nos afinemos a ela se nos deixarmos impregnar pelas imagens que passam através de nossa sensibilidade engessada e refletirmos sobre o nosso redor.

Neste conjunto apresentado pelo artista e no contexto escolhido por ele, cada imagem nos fala do visível e do invisível numa leitura linear, de linguagem coerente o bastante para que possamos sentir a sua construção do tempo e do espaço.

Leandro constrói a sua identidade congelando o tempo e todas as suas qualidades transitórias, ou seja, o efêmero e o transitório como lócus em sua arte. A sua obra é tocante: forma e conteúdo nos dizem tanto sobre o estado de efemeridade a que somos constantemente arremessados. Um trecho do livro Água Viva, de Clarice Lispector, torna-se aqui um complemento poético das questões suscitadas pelas imagens:

“O que te direi? Te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de um modo febril. Que febre. Conseguirei um dia parar de viver? Ai de mim que tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra, tenho por dom a paixão,na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas. À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique- taque dos relógios”. (1998,p.20-21).

A arte contemporânea apresenta-se caracterizada pela pluralidade, onde a fragmentação, a heterogeneidade, as simulações, a interatividade e a transitoriedade são as premissas que a constituem. Leandro Selister, sendo um artista contemporâneo, rompe com a tradição reinventando novas fórmulas para expressar seu pensamento artístico. O seu processo envolve, além da fotografia, outros meios de representação calcados em novas tecnologias. Tendo como sua marca a sensibilidade, onde transitam indagações e questionamentos, nos arremessa a momentos de experiência pura na captura de uma imagem e na doação desta imagem dentro de um eloqüente tempo lento.

Referências: LISPECTOR, Clarice Lispector. Água Viva. Rio Janeiro: Rocco, 1998. VALÉRY, Paul. Degas Dança Desenho. São Paulo: Cosac & Naify Edições,2003.

Quatro estações no StudioClio

Intervenção realizada no StudioClio
Porto Alegre/RS, 2008

O projeto de intervenção urbana As quatro estações no StudioClio, iniciou na Primavera de 2008 e estendeu-se até o Inverno de 2009

Imagens de Ipês Roxos foram realizadas e impressas em grandes formatos cobrindo as oito janelas do Centro Cultural. O objetivo era mostrar a passagem do tempo através das transformações na natureza, muitas vezes não percebida pela correria que vivemos. No início de cada estação, novas imagens eram realizadas, impressas e tomavam o lugar das anteriores. E assim, Primavera, Verão, Outono e Inverno puderam ser acompanhados pelo público que passava pelo local.

A partir deste projeto, foi criado um novo espaço para a circulação de propostas artísticas na cidade.

Macro-Micro Lutzenberger

Exposição no StudioClio
Porto Alegre/RS, 2009

O projeto Macro-Micro Lutzenberger foi realizado nas janelas do StudioClio a partir de temas que resgatem o imaginário da cidade de Porto Alegre

A primeira intervenção foram obras do artista José Lutzenberger. Na abertura do projeto foi apresentado um site inédito de Lutzenberger com obras das diversas Coleções pertencentes ao acervo da família do artista.

“Lutzenberger tem o olhar de seu tempo e retratou a vida diária de Porto Alegre quase como um cronista. Essa coleção vai ao encontro da tendência atual do resgate da cidade e nela podemos observar um retrato expressivo da sociedade que fomos. A proposta é uma didática de observação, enxergar os pequenos detalhes de obras grandiosas. O legado artístico de Lutzenberger inclui pinturas com cenas do campo e da colônia alemã, momentos decisivos da história do Rio Grande do Sul, lendas brasileiras, arquitetura, retratos e gaúchos.”

Confira o site em www.lutzenberger.com.br.

Tique-taque, tremor das pequenas coisas

Porto Alegre/RS, 2004

Segurar um passarinho na concha meio fechada da mão é terrível, é como se tivéssemos os instantes trêmulos na mão.
(Clarice Lispector)

(…)Leandro Selister nos mostra o movimento das coisas de dentro da casa. Determina cortes precisos. Fixa instantes para apertar o botão e congelar cada cena. Quebra a seqüência natural do tempo. O que acontece entre um minuto e outro, um segundo e outro, é o mistério da vida encerrado talvez nas frações imperceptíveis de uma outra dimensão de tempo que não percebemos. Não se trata aqui da representação real em 24 quadros por segundo. O fotógrafo cria a seqüência de instantes conforme um ritmo particular, seu modo de perceber a natureza em constante transformação. De dentro da casa, Leandro Selister torna-se uma espécie de guardião do tempo, vigia cada movimento do mundo como um voyeur atento e cuidadoso.
Em frente a sua janela, um sabiá insiste em construir seu ninho sobre um pedaço de calha de alumínio. Para não ser percebido, durante quase três meses o fotógrafo registra as peripécias do passarinho através de uma pequena abertura improvisada entre papéis colados sobre as vidraças. Mas a calha, dura e lisa, não prende direito os galhos e o ninho incipiente cai e se desfaz muitas vezes. Movido pela força da vida e da esperança, o bichinho, como num trabalho de Sísifo, reconstrói árdua e inutilmente sua morada até que os vizinhos colocam um arame para que os galhos fiquem presos à calha. O pássaro pode finalmente chocar seus ovos com segurança. A chegada dos filhotes é esperada com entusiasmo. Aos poucos, três bicos quase imperceptíveis surgem do ninho para receber o alimento e descobrir a luz. Ao cabo de alguns dias, apenas um dos recém-nascidos sobrevive.
Como medir no tique-taque do relógio a pulsação do corpo, matéria elástica, fragilidade do instante que nos liga à vida?(…)

Teresa Poester, artista plástica, Janeiro/2004

Ainda no ano de 2004, é lançado pela Escritos Editora de Porto Alegre, o livro Tique-taque, tremor das pequenas coisas. Em 2014 é lançada a segunda edição com o texto traduzido para o espanhol e inglês pela mesma editora.

Um Fotograma

Galeria Lunara – Usina do Gasômetro
Porto Alegre/RS, 2002

CENA 1/ GALERIA LUNARA/ INTERNA/ DIA
Uma sala escura, paredes pretas, no centro da sala, uma chaminé. LEANDRO, 37 anos, magro, cabelos castanhos, olha para o fundo da chaminé. Patrícia, morena, cabelos crespos, olha para Leandro.

LEANDRO
Patrícia, vou pegar uma cadeira lá embaixo. Fica aí.

PATRÍCIA
Tá bom.
Patrícia caminha ao redor da chaminé segurando-se nas grades.
Ao fundo da chaminé dois buracos um ao lado do outro.
A cabeça de Leandro atravessa o buraco.

LEANDRO
Patrícia, acho que não vou conseguir passar aqui.

PATRÍCIA
Lê, apóia as mãos, dá um impulso e senta.
Leandro apóia as mãos dentro da chaminé.

OUTRA PATRÍCIA (off)
Ele está nervoso. Será que eu recebi o e-mail?
Leandro senta ao lado do buraco.

LEANDRO
Tu não sabe como é aqui.
Leandro permanece agachado. Patrícia liga a câmara fotográfica.

PATRÍCIA
Lê, levanta, como é que eu vou te fotografar?

LEANDRO
Ai Patrícia. Tá bom, vou levantar.

OUTRA PATRÍCIA (off)
Vou fotografando enquanto ele se movimenta.
Leandro de pé entre os dois buracos.

LEANDRO
Patrícia, vamos fazer assim, vamos fotografar pelos 4 lados da chaminé.

PATRÍCIA
Acho legal, pois assim tu vai ter as quatro vistas e dá pra ti aproveitar as fotos e fazer uma sequência depois.

LEANDRO
Então, vamos lá.

CENA 2/ MONTAGE SEQUENCE/ INTERNA/ DIA
Leandro com braços estendidos ao lado do corpo.
Patrícia fotografa Leandro olhando pra cima.
Patrícia fotografa Leandro de perfil.
Patrícia fotografa Leandro de costas.
Patrícia fotografa Leandro de perfil.
Patrícia conversa com Leandro.
Leandro aponta para a câmara fotográfica.
Patrícia seleciona o menu da câmara.
Leandro faz nova pose.
Patrícia pega um disquete.

CENA 3/ GALERIA LUNARA/ INTERNA/ DIA
Leandro senta e sai pelo buraco da chaminé.
Patrícia senta-se no degrau e desliga a câmara.
Abre as portas do elevador e Leandro entra na Galeria.
Senta ao lado de Patrícia.

LEANDRO
E aí? Deixa eu ver.
Patrícia passa a câmara para Leandro. Leandro liga a câmara.
Patrícia separa os disquetes.

PATRÍCIA
Está mais ou menos na ordem e as sequências não estão completas.

LEANDRO
Ai, olha essa!

PATRÍCIA
Acho que as melhores são aquelas que eu te falei na hora.

LEANDRO
É essa! Olha.
Patrícia guarda os disquetes na bolsa e olha para a tela da câmara.

PATRÍCIA
Viu, eu te disse. Nesta imagem tu tá bem esticado e o mínimo que vemos do teu corpo é o teu rosto.
Ajuda nesse achatamento da perspectiva dada pela chaminé.

OUTRA PATRÍCIA (off)
Cinema é tudo! Eu respondi isso num e-mail.

LEANDRO
Eu tenho que pensar como é que vou esticar a imagem aqui em cima…

PATRÍCIA
E o tamanho da imagem tapando a chaminé, e , além de tapar, puxar todo aquele fundo que nós vemos só quando nos aproximamos dela.

LEANDRO
E não deixa de estar próximo daquela primeira ideia, de usar o chão vazado da galeria.

PATRÍCIA
E é ótimo, ou seja, está tudo num mesmo plano.

LEANDRO
Tu vai escrever o texto pra mim.
Os olhos de Patrícia sorriem.

CENA 4/ GALERIA LUNARA/ INTERNA/ NOITE
Toda a sala escura, burburinho de pessoas e uma imagem projetada na altura dos pés. Na imagem : Leandro no fundo da chaminé, compactado, prensado com a construção ao redor.

PATRÍCIA (off)
A tela de cinema tem duas dimensões. A chaminé virou suporte para uma tela de cinema. De onde provém a luz ? Do fogo. Não há mais fogo, mas a sala parece ter sido incendiada. Tudo preto e dois pequenos focos de luz, os buracos lá embaixo. Esperamos a projeção do filme: filme de apenas um fotograma.

FIM

*Patrícia Francisco é artista plástica

O que é essencial para você?

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre/RS, 2002

O projeto de intervenções nos campi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul teve como ponto de partida a pergunta “O que é essencial para você?”

O trabalho foi realizado entre os meses de junho e novembro de 2002, iniciando pela ocupação dos restaurantes universitários, local que serve não apenas como refeitório, mas principalmente como ponto de encontro, conversas, reflexões. O projeto consistiu em instalar imagens em adesivos executadas a partir do plotter de recorte em tamanho natural. As imagens foram realizadas nos próprios ambientes e representam o dia-a-dia dos estudantes e da vida acadêmica. Essas imagens também serão instaladas nos Centro Acadêmicos, Casa do Estudante, DCE, Bibliotecas, Reitoria, etc…

Além das imagens, as respostas enviadas por e-mail à pergunta “O que é essencial para você?” também foram executadas em adesivos e instaladas nos ambientes da Universidade.

Algumas respostas enviadas pelo público:

Essencial é que todas as pessoas possam ter uma vida digna, com alimentação, saúde, educação, moradia, emprego e segurança. Não é nada demais. É apenas o necessário para que possamos ter um mundo melhor. (Luciano, 19 anos)

Acho que são várias coisas: É ter tempo para aprender coisas novas. É gostar do seu trabalho mas não virar um escravo voluntário. É ter mais idéias e menos crenças. Enfim, é ter tempo para fazer as coisas que realmente gosta…. De um modo geral, acho que é ter a consciência que somos humanos e que nao devemos ser tratados ou julgados como máquinas ou empresas. É dar mais valor aos sentimentos humanos e menos a coisas como a “produtividade” ou a “competitividade” das pessoas. Não é pelo que se sabe ou se produz que uma pessoas se torna importante para nós. (Luís, 32 anos)

Essencial para mim, é ter acesso a um ensino de qualidade, a informação. Enfim, essencial é fazer parte de uma universidade voltada para a busca de conhecimento e a aplicação deste na comunidade. Essencial é a extensão, é o saber não somente acadêmico, é a busca da justiça social. (Liane, 18 anos)

O amor é essencial! mais do que qualquer coisa no mundo, do que qualquer quantia de dinheiro ou bens; se há amor verdadeiro, há paz, há prosperidade! Nada se compara à vida que se levamos quando temos AMOR! amor de família, amor de amigo, amor de namorado, amor sincero. (Cláuda, 21 anos)

Essencial para mim é APRENDER! Aprender a olhar, ainda antes do que ver; aprender a escutar e a entender, muito antes do simples ouvir e julgar… aprender a pensar, que é muito mais complexo e instigante do que o acúmulo de saber. Aprender é essencial porque incita o desejo de “ir além”, de querer mais, sempre mais! (Suzana, 24 anos)

O convívio com pessoas, o respeito consigo mesmo e com o próximo, saber que somos mortais e parte de um processo evolutivo. Essencial fazer algo que ajudará as próximas gerações a viver melhor e com qualidade de vida superior a geração anterior. E principalmente ter alguém para se dizer: você é essencial para mim. (Duane, 29 anos)

Cotidiano

Intervenção Urbana nas estações e trens do Trensurb
Porto Alegre/RS – 2001/2002

O Projeto foi contemplado com a bolsa-estímulo no II Prêmio Sérgio Motta, 2001. A execução do projeto Cotidiano, aconteceu entre os dias 23 e 28 de fevereiro de 2002

A cidade de Porto Alegre possui um sistema de transportes de trens urbanos de superfície – o TRENSURB, que transporta uma média de 140.000 passageiros nos dias úteis, beneficiando usuários de toda a Região Metropolitana. O sistema possui uma perfeita integração com as linhas de ônibus já existentes facilitando o transporte e locomoção desse grande número de usuários.

O Projeto “Cotidiano”, foi elaborado especialmente para esse espaço. O objetivo é realizar intervenções nas 17 estações que formam o TRENSURB, bem como no interior do vagões, através de adesivos em Plotter, reproduzindo o dia-a-dia dos usuários. Modificar esse ambiente através de cenas repetidas diariamente, com a intenção de provocar um diálogo com o público que utiliza esse meio de transporte, possibilitando uma reflexão, um exercício do olhar e a percepção desse lugar.

Em dezembro de 2002, o projeto virou Livro, com 54 imagens, edição bilíngue (português-inglês). Texto de Blanca Brites, Doutora em História da Arte. Realização : Trensurb, Ministério dos Transportes e Governo Federal.
Trecho do texto de Blanca Brites para o livro :

“Desde as últimas décadas do século XX, as intervenções em espaços urbanos não apenas têm acompanhado, como também interferido em mudanças conceituais que motivaram relações mais diretas entre a obra e o público.

É com esta intenção que muitos artistas se dirigem a esses espaços, seja na cidade ou no metrô. Necessário destacar novamente que a arte no espaço urbano considera, além dos condicionantes materiais e físicos do entorno, a memória, a história e a vida já existentes neste espaço. E Leandro Selister percebeu, com Cotidiano, que o envolvimento é possível. Mais: ele alcançou isso, possibilitando que os reais usuários do espaço participassem mesmo sem dar seu consentimento. De sua parte, o artista também se diz envolvido e seduzido pelas reações constatadas durante a execução do projeto e que, de certa maneira, permanecem até hoje.

Toda a intervenção artística no espaço público traz uma dose de imposição, pois se faz, muitas vezes, em lugares inesperados e sem pedir licença aos que com ela partilham da mesma trama urbana, tanto material quanto conceitual. E, como sabemos, a arte no espaço público, que se impõe aos passantes, não é, obrigatoriamente, aceita pelos mesmos. Exemplos deste tipo de impasse, inclusive envolvendo artistas renomados, já se tornaram paradigmáticos na história da arte contemporânea. A não aceitação, por parte do público, é evidenciada pela indiferença imposta à obra, tornando-a invisível, nula, sem efeito, como se a mesma não existisse. As intervenções de Leandro Selister se afirmam, justamente, ao procurar estabelecer uma convivência amigável com seus companheiros de viagem. Por esta razão destacamos a receptividade dos transeuntes para com a proposta Cotidiano, uma vez que é o próprio público que a motivou e que a faz existir.

O projeto Cotidiano – nas intervenções – provocou o olhar descobridor dos passageiros, e aqui, neste livro, talvez todos possam encontrar indicativos de porque essas imagens permanecerão percorrendo outros olhares e outros tempos.”

Identidades

Acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli
Porto Alegre/RS – 2000

O projeto Identidades foi o vencedor do II Salão de Arte Cidade de Porto Alegre. Recebeu o Prêmio Aquisição, e, faz parte do Acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli de Porto Alegre

O trabalho é composto por 110 caixas de CD com fotografias e impressão digital em adesivo transparente.

É através de sobreposições de diferentes configurações faciais que Leandro Selister constrói sua obra Identidades, 2000. Partindo de uma fotografia de seu autorretrato, o artista utiliza a manipulação da imagem através do computador, imprimindo transformações na sua identidade ao inserir por exemplo, diferentes cabelos e bigodes para gerar diferentes aparências físicas até chegar a uma total impessoalidade. Há, portanto, na arte contemporânea, uma crise do sujeito individual. Este procedimento de descaracterização de identidades, também foi estendido ao público : durante a primeira exposição do trabalho, as identidades dos espectadores podiam ser incorporadas à obra, isto é, sobrepostas à imagem matriz do auto-retrato do artista realizando, assim, uma operação de fusão da aparência física do contemplador que doasse um retrato 3×4 com a do autor da obra. Com essa operação, o artista tende a diluir o traço de caráter pessoal, tanto dele próprio como do retratado. As imagens são impressas em adesivos e compartimentadas em caixas de cds. O trabalho discute o mundo contemporâneo da montagem e da edição de imagens.

Texto de Niura Legramante Ribeiro
Catálogo da exposição
“Presenças Contemporâneas nas Pinacotecas Municipais”.
Sala Berta-Locatelli, MARGS, RS

Projetos em Design

Porto Alegre/ RS

Nas imagens acima, alguns projetos que foram desenvolvidos e que contemplam o design gráfico, identidade visual, criação de logomarcas e web design

Os seguintes projetos receberam indicações e foram premiados:
* Projeto Leve a minha Cidade – Coleção Porto Alegre – Selecionado para a 12ª Bienal Brasileira do Design Gráfico. Caixa Cultural. Brasília. 2017
* Projeto Leve a minha Cidade – Coleção Porto Alegre – Vencedor no 6º Prêmio Nacional Bornancini de Design/2016 – APDesign/RS. Categoria Design Gráfico / Ilustração
* Projeto Leve a minha Cidade – Expressões daqui – Menção Honrosa no 6º Prêmio Nacional Bornancini de Design/2016 – APDesign/RS. Categoria Design Gráfico/Ilustração
* 9º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2015 – Indicação – Destaque em Textos, Catálogos e Livros publicados:Galeria Arte&Fato – 30 anos – Felipe Caldas
* 9º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2015 – Indicação – Destaque em Textos, Catálogos e Livros publicados:Galeria Arte&Fato – 30 anos – Felipe Caldas
* 8º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2014 – Indicação – Destaque em Textos, Catálogos e Livros publicados:Edgar Vasques, desenhista crônico. Org. Susana Gastal
* 7º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2013 – Vencedor – Destaque em Textos, Catálogos e Livros publicados: Emilio Sessa, Pintor: Primeiros Tempos – Org. Arnoldo W. Doberstein – Instituto Emilio Sessa
* 6º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2012 – Vencedor – Destaque em Textos, Catálogos e Livros publicados: Santiago – Caminhos do Santiago. Org. Susana Gastal